Da Redação (Com WebAles)
Autoridades convidadas pela Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa para debater os impactos da grive aviária no Espírito Santo mostraram preocupação, mas segurança quanto à eficiência no controle da propagação do vírus, ainda não detectado em granjas comerciais do Estado, que é o maior produtor de ovos do País e o terceiro maior produtor de proteína de aves.
A detecção da gripe aviária em Montenegro, no Rio Grande do Sul, onde o vírus H5N1 levou à morte de quase 17 mil aves de granja no mês ado, levou a Comissão de Agricultura a debater o tema nesta terça-feira (3) com o objetivo de saber sobre as medidas de prevenção no Espírito Santo.
O entendimento é que não há motivo para alarde diante do trabalho de vigilância aliado às ações de biosseguridade adotadas pelos produtores comerciais.
Apesar disso, a importância de se intensificar o trabalho de prevenção foi destacada pelo secretário estadual de Agricultura, Enio Bergoli, e a médica veterinária Carolina Covre, da Associação dos Avicultores e Suinocultores do Estado, convidados do colegiado para abordar o tema.
O Plenário Dirceu Cardoso ficou lotado e havia representantes de cerca de dez municípios, pelo menos oito deles com seus respectivos secretários de agricultura, além de sete dos nove deputados membros da comissão.
ECONOMIA
O tema é de relevância porque o vírus foi detectado em solo capixaba no ano de 2023, em aves migratórias, consideradas como o maior risco para a propagação da doença. Para o Espírito Santo há uma preocupação extra, já que o Estado é o maior produtor brasileiro de ovos para consumo, isso sem contar a criação de frangos para abate.

De acordo com a veterinárias Carolina Covre, da Associação dos Avicultores do Espírito Santo (Aves), no Estado a avicultura produz, diariamente, 19 milhões de ovos de galinha e codorna e 500 toneladas de frango de corte, atividades que, conforme Enio Bergoli, geraram faturamento de aproximadamente R$ 2,5 bilhões no ano ado, somente para os produtores. As principais granjas ficam em Santa Maria de Jetibá, Domingos Martins e Marechal Floriano.
É nesse contexto que o secretário de Estado da Agricultura considera o H5N1 um perigo. “É uma ameaça sim ao nosso patrimônio maior, que é essa atividade de avicultura, que gera muito emprego e renda no Espírito Santo”.
Tanto o titular da pasta quanto a veterinária descartaram a possibilidade de transmissão da doença para humanos por meio do consumo. “A gente sempre gosta de destacar que a influenza aviária é uma doença das aves e não uma doença do ser humano”, sublinhou Covre. Segundo ela, a influenza aviária raramente acomete humanos e, quando acontece, é por meio de contato direto com aves doentes.
CASOS NO ES E NO PAÍS
No Espírito Santo, Carolina afirmou que a confirmação mais recente da presença do vírus foi há mais de um ano, em maio de 2024, e não há casos suspeitos no momento. “Estamos numa certa fase de calmaria por enquanto”.
Já o quadro no Brasil é diferente: a médica veterinária lembrou dos casos registrados no mês ado e disse que existem 170 focos de influenza em andamento no país.
Os convidados explicaram que a doença se espalhou pelo mundo nos últimos três anos e a chegada ao Brasil era considerada “questão de tempo”. Enio Bergoli lembrou que o Brasil foi o último país a ter caso registrado em granja comercial, no Rio Grande do Sul, devido à eficiência que o Brasil exerce no controle de enfermidade, fazendo um paralelo com a eliminação da febre aftosa.
“Hoje esse vírus já está presente em todos os países do mundo”, completou, ao apontar que, nos EUA, 170 milhões de aves foram sacrificadas nos últimos três anos devido à influenza aviária. Carolina corroborou o foco do trabalho preventivo junto ao setor para minimizar os impactos em terras capixabas.
Sobre a evolução de notificações do H5N1 no país, ela citou que de meados de 2023 até o momento houve a notificação de 166 casos oriundos de aves silvestres migratórias e três de criações de subsistência. Considerando o recorte temporal de 15 de maio deste anoo até agora, foi registrado um caso até o momento envolvendo avicultura comercial.
COMITÊ
Enio Bergoli salientou que, para coordenar as ações de prevenção, foi criado um comitê intersetorial com membros da própria pasta, além do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Seama), Defesa Civil, Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Ministério da Agricultura (Mapa) e representações dos produtores.
“Imaginamos que não vamos ter (…) nenhum caso em granja comercial, mas se isso acontecer, nós estamos treinados e preparados para conter esse foco”, projetou. Ele revelou que, devido à ocorrência no sul, a situação de emergência zoossanitária foi prorrogada no Espírito Santo. Carolina Covre adicionou que em 28 dias o Brasil poderá ser considerado livre do H5N1 se não surgirem mais notificações.
Conforme analisou o secretário de Agricultura, embargos externos existentes hoje à importação devem cair na medida em que o combate à doença avança. Apesar disso, na opinião dele, esses vetos não devem gerar impactos para a avicultura capixaba, já que cerca de 98% da produção capixaba de ovos e frango de corte ficam no mercado brasileiro.

POPULAÇÃO
Prefeito de Santa Maria de Jetibá, maior produtor nacional de ovos, Ronan Zucolotto (PL) tranquilizou a população ao descrever as ações de controle já executadas pelas granjas comerciais. No entanto, frisou que reforçará essas medidas junto aos produtores.
“É um período que requer um pouco mais de atenção e as medidas já estão sendo tomadas junto com o governo Estado e com o Idaf”, disse o prefeito.
Ao lado dos colegas João Coser (PT), Toninho da Emater (PSB), Dary Pagung (PSB), Raquel Lessa (PP), Janete de Sá (PSB) e Coronel Weliton (PRD), o presidente do colegiado, deputado Adilson Espindula (PSD), contou estar confiante com o trabalho de prevenção.
“Temos a plena confiança de que as ações implementadas pelo governo do Estado, por meio do comitê gestor de enfrentamento da influenza aviária, com as estratégias de controle e reforço de todos órgãos responsáveis que atuam em favor a avicultura do Espírito Santo, conseguiremos impedir que esse vírus atinja as nossas granjas comerciais”, afirmou.
A mesa de autoridades também contou com a presença do diretor-presidente do Idaf, Leonardo Monteiro; e do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Espírito Santo (Faes), Júlio Rocha.
PRINCIPAIS CUIDADOS
• Manter as aves no galinheiro, usar telas de até 1 polegada;
• Higiene de cochos;
• Manter a água e a ração em local limpo, protegido e sem o a pássaros.
• Fornecer água de qualidade (não usar água de córregos ou represas);
• Controle de pragas;
Click no QR Code abaixo e tenha o a uma série de informações técnicas importantes sobre o tema:

Ronan Zucolotto, prefeito de Santa Maria de Jetibá